“Estuda menina, estuda muito!” é a frase que ecoa na memória de Lizete Marques quando pensa em sua tia Enedina Alves, a primeira mulher a se formar em Engenharia Civil na região Sul do país e a pioneira engenheira negra do Brasil. Na manhã desta sexta (8/12), Lizete e seu neto Daniel Marques Filho visitaram o Memorial Paranista, no Ateliê de Escultura, para ver a estátua recém-concluída de Enedina, que será entregue à cidade em janeiro de 2024.
A escultura, uma parceria entre a Prefeitura de Curitiba e o Centro Universitário Internacional Uninter, será instalada na Rua XV de Novembro, próximo ao Edifício Garcez, sede da instituição de ensino.
Enedina foi uma figura transformadora para a família. Após a Tia Dininha, apelido carinhoso dado à engenheira pela família, o estudo tornou-se indispensável para todos e nenhum ficou sem estudar desde então.
Lizete trilhou o mesmo caminho, formando-se em Educação Física e seguindo carreira como professora, tudo inspirado na tia engenheira. “Me emocionei muito. Esperamos reconhecimento, mas nunca imaginei que seria assim. Agora, ela será lembrada nas salas de aula, e isso é o que precisa ser destacado. Talvez agora as pessoas também possam ter ela como exemplo.”
A intenção é que a estátua sirva de inspiração para outros curitibanos, assim como foi para Lizete.
A escultura, uma peça sentada em um banco de praça, tem 1,65 metro de altura, a estatura da homenageada, e pesa 95 quilos. Sob a coordenação do escultor Rafael Sartori, foram quatro meses de trabalho para criar a estátua, envolvendo muitas mãos.
Pioneira
Enedina Alves Marques nasceu em Curitiba, em 13 de janeiro de 1913, filha de Paulo Marques e Virgília Alves Marques. Graduou-se em Engenharia Civil em 1945 pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), marcando história como a primeira mulher a se formar em engenharia no Sul e a primeira engenheira negra do Brasil. Em 1946, tornou-se auxiliar de engenharia na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas. No ano seguinte, ingressou no Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica, contribuindo para o Plano Hidrelétrico do Paraná e atuando no aproveitamento das águas dos rios Capivari, Cachoeira e Iguaçu. Seu papel na construção da Usina Capivari-Cachoeira foi um marco em sua carreira como engenheira. Entre outras obras em que participou, destacam-se o Colégio Estadual do Paraná e a Casa do Estudante Universitário de Curitiba (CEU).
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